sexta-feira, 5 de junho de 2009

A antiga Casa dos Abreus de Travanca de Lagos



Em Travanca é talvez a casa mais antiga de tipo senhorial ainda habitada. A sua presença pode passar despercebida, pelo facto de parecerem três casas independentes: uma parte bastante degradada; outra mal reconstruída e uma terceira recém reconstruida, que lhe restituiu um pouco a alma. Num olhar mais atento, temos a percepção da enorme casa que foi e do prestígio que terá tido.

Situa-se numa das zonas mais antigas da povoação, ao fundo duma calçada medieval – na rua do Fundo do Lugar. A fachada mantém os principais traços de antiguidade que caracterizam uma casa Beirã , deste tipo, do séc. XVI/ XVII. Tem uma arquitectura simples, mas sóbria, mostrando despidos os grandes e bem aparados blocos de granito, habilmente sobrepostos entre si, sem argamassas. Outra característica é a cantaria chanfrada, lavrada em bisel das portas e janelas, que a remetem para a época. Na ombreira de uma das portas, está inscrita a data de 1612, que deverá representar a data de construção, portanto, uma casa com quase 400 anos, mandada construir provavelmente por António Gonçalves Abreu.


A história conhecida dos Abreus de Travanca de lagos começa precisamente nessa época, remontando a cerca de 1585/90, quando António Gonçalves de Abreu nascido em Oliveira do Hospital cerca de 1560, veio casar em Travanca de Lagos com Ana Francisca, daí natural.
O seu avô, Roque Fernandes de Abreu, " o Pequeno", era de Lourosa, onde nasceu cerca de 1500 e lá faleceu em 1572.
O seu pai, João Francisco de Abreu, também de Lourosa, casou com Isabel Gonçalves de Figueiredo, herdeira da Casa de Oliveira do Hospital e da Quinta da Costa de Nogueira do Cravo. Faleceu a 31 de Agosto de 1604. Tiveram 9 filhos, sendo um deles o "nosso" António Gonçalves de Abreu.
Do seu casamento com Ana Francisca, teve pelo menos um filho, também chamado Roque Fernandes de Abreu, como o seu bisavô, nascido em Travanca de Lagos cerca de 1590 e que vem referido como: "Sargento de uma Companhia de Avô em 1628 e Capitão de Ordenanças. Foi casado com Ana Afonso de Abranches, natural de Anseriz, onde viveram, sendo dos principais da terra". Este ramo dos Abreus, é o ascendente conhecido dos Abreus da família do visconde de Midões. Com respeito aos ramos que terão permanecido em Travanca, decerto com larga descendência, não se encontram descritos.
A casa original dos Abreus terá sido sempre habitada até aos nossos dias. Vivem actualmente na casa, duas famílias, em partes separadas, sem qualquer ligação familiar aos Abreus. Passou nas últimas décadas por um período de degradação grande, tendo mesmo chegado a ruir uma parte, que depois foi reconstruída. Ainda assim, longe do fulgor de outros tempos, conseguiu resistir ao passar de quatro séculos e testemunhar a memória dos seus fundadores.

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