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Fig. 1 - Tonito Estoira |
O Tonito Estoira, nome pelo qual era conhecido, para quem foi da
minha geração, dispensa apresentações. Faz também parte das figuras
incontornáveis dos últimos anos, e também um amigo. Tinha um jeito simpático de
ser e de receber. A sua voz, embora carregada, muito rouca, era sempre acompanhada
por um sorriso ou uma piada.
Sempre de pirisca ao canto da
boca e um tintinho por perto, tinha sempre uma palavra amiga, era um
brincalhão! Eu e o meu irmão tínhamos uma brincadeira comum com ele, que era
empurrarmos o seu boné para trás, ou para a frente sempre que o víamos…ele não
levava a mal, tentava agarrar o boné para não cair e respondia de imediato - ah!
Galego! Traita…
Certo dia, estava ele nas escadas
da igreja ao pé do cepo do Natal em brasa, com muita gente á roda e o meu irmão,
à socapa, manda lhe a boina ao chão, que cai ao pé da fogueira, ficando
chamuscada. Levou a coisa na brincadeira, como sempre, mas sempre que via o meu
irmão dizia que lhe devia uma boina! Comigo aconteceu outra coisa. Ele tinha um
isqueiro de petróleo, antigo, que troquei com ele por um eletrónico. Cada um
pensou ter feito um bom negócio, eu porque fazia coleção de isqueiros e ele por
ser uma coisa moderna mas, o meu rapidamente deixou de funcionar e ele
chateava-me sempre que me via – Ah! Galego, ainda me deves um isqueiro!