domingo, 29 de junho de 2014

Quintas e Lugares de Travanca de Lagos

Quinta do Veríssimo


A antiga Quinta do Veríssimo, situada numa encosta na vertente Este de Travanca, surge num extenso vale, na confluência das Chãs, do Vale de Rocim e da quinta dos Ninhos, todas propriedades da freguesia de Travanca. É atualmente uma quinta ao abandono, com todo o seu património edificado em sério risco de desaparecer, facto que me levou a dar início a um levantamento das quintas e lugares de Travanca para que, dentro do que me é possível, fique um registo fotográfico, com um breve resumo da sua história.

Fig. 1
Esta Quinta possui uma extraordinária exposição solar, que lhe confere uma particular beleza. O ar decadente do seu casario, já em ruínas (fig. 1), onde sobressaem as pedras de granito, quer das suas paredes, quer das grandes lajes em seu redor, já polidas pelo tempo, reforçam esse encanto. Em contraste, possui um manto verde à sua volta crescido pela abundância da água, que, ao correr solta, quebra o silêncio do lugar, até se estancar numa pequena represa, onde se deposita por algum tempo (fig.2), antes de atingir irremediavelmente o rio Cobral, umas centenas de metros a jusante.

Fig. 2
Não se conhece o ano da sua fundação, no entanto, este lugar vem referenciado nos registos paroquiais, no princípio do séc. XX, como Quinta do Veríssimo. Em 1906 nasce lá um menino de nome Agostinho, filho dos agricultores, Manuel Mendes Pereira e Maria de Jesus, sendo seus avós paternos Veríssimo José Pereira e Maria Dias. Talvez este seu avô Veríssimo tenha dado o nome à quinta em meados do séc. XIX. No entanto, a quinta parece ser mais antiga, bem ilustrada pelo granito erodido. Mais recentemente, também lá nasceu e viveu, até se casar, a D. Maria, esposa do Sr. Osvaldo Gonçalves, ambos comerciantes nas Campas durante mais de três décadas. Nos anos 90 ainda era habitada, numa das casas do conjunto (fig.3). 

Fig. 3
Outrora uma quinta agrícola essencialmente cerealífera mas que, ao jeito das demais, produziam de tudo. Era servida por vários caminhos, quer pelas Vendas de Gavinhos, quer pelo Zambujeiro, quer ainda, pela Adarnela, podendo escoar os seus produtos, também, pela ponte da Pantera, que a ligava a Lagares da Beira. Esta, aliás, é uma ponte muito antiga, ainda não classificada, arquitetonicamente dada por muitos como romana, parece ser, no entanto, uma ponte medieval de arquitetura românica. O seu recente nome advém dum crime que lá ocorreu em 1937, o crime da Pantera (ver post anterior).

Fig. 4
A ponte cruza o leito do rio Cobral, numa zona bastante pedregosa, ligando um extenso vale, outrora bastante produtivo, com as quintas sobreditas, pela parte de Travanca e, Chã de Abrantes, quinta da Carva (pertencia a Travanca, segundo os registos paroquiais), entre outras, pela parte de Lagares. Servia uma zona de Moinhos e moleiros desde épocas muito recuadas (fig.6), nomeadamente, os moinhos da Carva, os da Adarnela, podendo ter sido essa uma das razões da sua construção.

Fig. 5
Fig. 6









Em cantaria granítica, a ponte é composta por um só arco de volta perfeita, assente solidamente nas margens (fig.4). O tabuleiro é horizontal sobre o arco e rampante no topo norte, o de lagares. Lateralmente é protegido por guardas, também de granito. O pavimento encontra-se danificado (fig.7).

Fig. 7
Fig. 8









No topo sul, culmina com uma casa de granito, em ruínas que, segundo o Sr. António Cabaço, era conhecida como a casa da quinta do Perneta (fig.8). Em ambas as margens o terreno é fértil e verdejante (fig.9), convidativo ao passeio recreativo e à fotografia. Fica aqui o mote…

Fig. 9


segunda-feira, 26 de maio de 2014

A história do futebol em Travanca de Lagos


O
Futebol
em
TRAVANCA DE LAGOS





Contar a história do futebol de Travanca de lagos não se afigura tarefa simples. É um desafio difícil, visto que, as histórias que se vão contando, especialmente dos 1ºs tempos, são memórias muito antigas, sem a precisão dos acontecimentos. É, portanto, um processo sujeito a alguns erros, ainda assim, que vale a pena tentar. Como este resumo histórico se direciona principalmente para os Travanquenses, são usadas muitas referências a familiares, na nomeação dos jogadores, para melhor reconhecerem as pessoas. 


Segundo se conseguiu apurar, com testemunhos inestimáveis, do Sr. António Brito e do Sr. Messias, o futebol em Travanca já se jogava em meados dos anos 40, primeiro, por brincadeira, até se tornarem uma equipa a sério. Faziam parte desse primeiro lote de jogadores, o Sousa, cunhado do Messias, o Salvador, defesa direito, o Chico Brito, médio avançado, e o irmão, Raúl Brito, o Chico Madeira, conhecido por Chico Narra, era guarda-redes, o Necas, filho do reformado, António Abreu e Augusto Abreu, pai do Russo e do Zé Padeiro, António Capado, Adelino Pratas, o Renato Gonçalves, que também era Guarda redes, entre outros. Disputavam jogos amigáveis com as terras limítrofes, como Negrelos e Bobadela, no campo do Lameiro e, depois, no terreno que viria a ser o campo de Travanca chamado, nessa época, de campo da Gaga. Já na década de 50, o campo era alugado por 100$00 ao ano e na década de 60 por 150$00. Equipavam de camisola branca ou amarela, com gola azul, e calções azuis ou pretos. Tinham a sede na Liga de Melhoramentos e chamavam-se Sport Club Os Leões.



Na década de 50, em 1953, era responsável pela equipa o Sr. Couto, genro do Sr. Diniz, já jogava o Sr. Messias, recém-chegado da tropa. Era defesa direito. Desse ano, ele possui uma extraordinária fotografia de grupo (fig.2), tirada no campo da Gaga, onde, para além dele, está o Chico Brito, o Duarte, que veio a ter o comércio das campas, o Artur Pratas, que era guarda-redes, o Adérito, filho do Zé Ribeiro, o Telmo de Negrelos, o António, de acunha, Mosca Tonta, filho da Sarita,  o Chico Campos, o Luis Brás, marido da Natércia, o Chico Manel, filho do Antonino do Zambujeiro, irmão do Eugénio e, por fim, o Jesus que era escriturário na secretaria da Casa do Povo. Na foto vê-se, ainda,  um homem de costas que era o Sr. António Brito, Presidente da Junta e da Casa do Povo de Travanca.



Fig. 2 - Sport Club Os Leões de Travanca de Lagos – 1953 (Foto a melhorar) De pé da esq. para a dir., Adérito, Chico Campos, Duarte, Messias, Luis Brás, Artur Pratas. Em baixo, da esq. para a dir., Telmo de Negrelos, Mosca Tonta, Chico Brito, Chico Manel e, Jesus.



Em 1955/56, tinha o Sr. António Brito 23 anos, e, regressado do cumprimento do serviço militar, passou meio ano na terra, antes de voltar para Lisboa. Refere que, nessa altura, aproveitou para jogar, visto que de outra forma só o poderia fazer nas férias. Era já um craque, jogava futebol em Caneças, e depois noutros clubes, também por Lisboa. Quando chegou, foi ele quem pagou os 100$00 do campo para poderem voltar a jogar. Nesse ano, participaram num torneio com o Touriz, com a Bobadela e com Gavinhos, tendo Ganho ao Touriz, lá, 2-1 e em casa 3-2, com a Bobadela ganharam lá 3-1 e com o Gavinhos, ganharam no campo da Gaga 5-4, tendo o Sr. Brito saído lesionado. Faziam parte da equipa, nesse tempo, ele a central, mas, muitas vezes ia primeiro à frente marcar uns golitos e, na 2ª parte, tentava defender o resultado, o Messias a defesa direito, o Quintino a defesa esquerdo, o Artur Pratas a médio, o Jorge Figueiredo à frente, o Mário Figueiredo à baliza, o Zé Abreu à defesa e a meio campo, o Augusto Brasileiro à frente. Jogava, também, o Francisco Manel do Zambujeiro e o Vítor Fonseca, quando vinha de férias. O Sr. Brito refere que, naquele tempo, às vezes para fazerem a equipa tinham que ir buscar jogadores fora. Era o caso do 27 e do Chalau de Touriz e do Delminho de Negrelos.





Fig. 3 - Sport Club Os Leões de Travanca de Lagos – anos 60 ( de pé, 3.º da esq.-Renato, 1.º da dir.- Mário Figueiredo, em baixo, 2.º da esq. - Carlos Pratas, restantes - desconhecidos)

Quanto ao equipamento, a julgar pelo nome da equipa Sport club Os Leões de Travanca de Lagos, sugeria que fosse ”à Sporting”. No entanto, o Sr. Messias não se lembra de ter jogado alguma vez com essa camisola. Já o Sr. Brito diz que chegaram a trajar “ à Sporting” no início da década de 60. De acordo com o Sr. Carlos Marques, jogador de Travanca dos anos 70, o equipamento “à Sporting” só foi adquirido, trazido de Lisboa, após o torneio de Vila Franca, já em meados dos anos 60. Desses tempos não se conhecem fotos, mas dos anos 70 e 80 há várias que o podem testemunhar.

Fig.4 - Sport Club Os Leões início dos anos 70 ( de pé da esq. para a dir. Sérgio Gonçalves e  João Pedro, Tonito Saca, 2.º da dir. Artur Pratas. Em baixo, da esq. para a dir. Carlos Pratas, Carlos Marques, Arnaldo, Russo e o último o Zé Pizorga)


Fig. 5 –Encontro de gerações, anos 60, 70 e 80
 Fig.6 – Equipa improvisada com convidados, destaca-se o Padre Manel e o Sr. Feliciano 
Fig. 7 – Travanca a jogar no campo da Gaga, anos 70

Fig.8 – Sport Club Os Leões, finais dos anos 70 ( de pé da esq. para a dir. Tonito Saca, Zé Pizorga, Carlos Pratas, Zé Neto, Zé Manel Figueiredo, Toni de Negrelos, Russo, ?, Artur Pratas. Em baixo da esq. para a dir., Zé Marques, Pinto de Travancinha, Zé Manel, Raúl, Chico Melro, Mário Marques e Baltazar)

Entretanto, outras gerações de jogadores emergiram e nomes como Jorge e Mário Figueiredo, Joaquim e Zé Pisorga, João Pedro e Tomás Pedro, ou os irmãos Carlos e Artur Pratas, entre outros, aparecem na década de 60 e 70 e, de uma forma mais organizada, estabelecem a prática da modalidade. Nesse sentido, existe até um livro de atas (fig. 9 e 10) com o nome na capa de Sport Club Os Leões, datado de 1963. Pena é que, apenas estão registadas duas atas, uma de 21/4/1963, onde consta que, nesse domingo se disputou, no campo de Travanca, um encontro amigável de futebol, contra o grupo desportivo de Póvoa de Midões, cujo resultado foi um empate a 2-2. A 2.ª ata refere-se ao domingo seguinte, dia 28/4/1963, em que jogam novo encontro, desta vez, com o Grupo Desportivo de Touriz, que perderam por 5-2, ficando marcada a desforra para o domingo seguinte.


Fig. 9 – Livro de atas do SC Leões
Fig. 10 – Atas de 1963



O clube nessa época participou nalguns torneios, visto que não integrava nenhum campeonato oficial. Destaca-se o torneio da União Desportiva Vila-franquense, em Vila Franca, onde Travanca desferrou um mítico 8-1, num clássico com Lagares da Beira, tendo alcançado o 2.º lugar no final. Jogaram os irmãos Pisorga e os irmãos Artur e Carlos Pratas, entre outros. Outro torneio da época, muito comentado pelo Russo, foi o das Seixas, com o clube local, Seixas futebol Club, que tinha uma equipa recheada de brasileiros, que passavam férias na terra, mas que Travanca ganhou por 3-1. Segundo consta, estava prometida uma jantarada, mas com a vitória inesperada de Travanca, terminou com um punhado de amendoins.




Fig. 11 - Sport Club Os Leões – anos 60/70



Em meados da década de 70 surgiu uma nova geração de jogadores, Os Piratas. Segundo referem algumas glórias da altura, como o Manuel Marques, conhecido por Russo, que era o goleador da equipa, o Carlos Marques, defesa, ou o Sérgio Gonçalves, o mítico guarda-redes de Travanca, o 1.º equipamento dessa nova equipa foi adquirido através do recurso aos brindes oferecidos pelas Pastilhas Piratas, daí o nome da equipa, e que, para tal, tiveram que consumir centenas de pastilhas para juntar os respetivos cupões e, assim, receberam as camisolas, que tinham o emblema das pastilhas. Alguém ofereceu um tecido, de cor verde, que permitiu fazer os calções e os nºs das camisolas, tendo o trabalho de costura sido feito pela Elsa Gonçalves, irmã do Raul Gonçalves, outro dos craques da equipa.



Fig.11 - Pastilhas piratas
Fig.12- Emblema




Iniciaram-se como uma equipa de juvenis, depois de juniores e, aos poucos, foram integrando o plantel principal. Os equipamentos foram variando (fig. 12 a 17).

Fig. 13 – Primeira equipa de Os Piratas, finais dos anos 60


Fig. 14 –  Russo
Fig. 15 – Zé Marques
Fig. 16 –  Tonito Saca



Fig. 17 -  Os Piratas, treinada pelo Sr. Arnaldo, conhecido por futleman


Fig. 18 – Zé Marques e Carlos Marques  

Entretanto estes jogadores foram compondo a equipa principal, que jogava bem e tinha bons resultados nos jogos em que participava. Aspirava, por isso, a jogar noutro patamar. Em 1/10/1977, o clube refundou-se com o atual nome, Grupo Desportivo de Travanca de Lagos, com a intenção de participar no campeonato Distrital do Inatel e, já na época de 77/78, iniciou uma epopeia que só terminou na final com o Lorvanense, em Mortágua, jogo que Travanca perdeu por 1-0.


Fig. 19 - Equipa de Travanca – juniores no inicio dos anos 70 ( de pé da esq. para a dir. Zé Manel Bispo, Sérgio Marques, António Manuel Soares, Raul Gonçalves, Tonito Saca e Sérgio Gonçalves. Em baixo da esq. para a dir., Mário Marques, Zé Neto, Zé Marques, Manel Marques (Russo) e Carlos Marques


Fig. 20 – Em pé, Zé Marques, Sérgio e Russo, em baixo, Carlos Marques


Fig. 20 – Os Primos, Raul e Sérgio Gonçalves
Fig. 21 – Russo e Sérgio


Mas, para a participação nesse campeonato, houve primeiro que melhorar o velhinho campo da gaga que, segundo conta Mário Figueiredo, era abaulado e por conseguinte, de uma baliza não se avistava a outra. Tinha, ainda, um velho castanheiro dentro do campo, junto à linha de fundo, perto da baliza, que tinham que contornar. Havia, ainda, uma questão fulcral, a D. Eulália, proprietária do terreno, mandou lavrar uma parte para semear centeio. Corriam o risco de ficarem sem campo.



Em 9/10/1977, o sino tocou a rebate e o povo ocorreu ao campo para ajudar a fazer pressão, no sentido de reaverem o campo. Por fim, a proprietária cedeu, começando os trabalhos de reconversão. Com uma máquina escavadora e com a ajuda das enxadas foi nivelado e preparado. Foram colocadas novas balizas, substituindo as velhinhas de madeira por metal, colocadas as redes e, com placas de aglomerado, foi todo vedado. O campo foi rebatizado de campo 9 de Abril. Posteriormente foi comprado pela direção do clube, composta na altura pelo presidente, o Sr. Falcão de Brito, o secretário, o Sr. Mário Figueiredo e o tesoureiro, o Sr. Joaquim Azevedo. Nesse tempo, os jogadores equipavam-se na Casa do Povo, só mais tarde foram construídos os balneários no campo. A equipa vestia de vermelho com calções azuis ou brancos, depois de amarelo e calcões azuis, que representava o equipamento oficial.



Portanto, nessa época de 77/78, jogam o campeonato distrital do Inatel. O 1º jogo realizou-se em casa, com o Vasco da Gama de Candosa, que Travanca venceu. Fizeram uma campanha vitoriosa, ficando à frente da sua série. A final, que permitia apurar o representante por Coimbra, realizou-se em Mortágua, com o Lorvanense, jogo que travanca perdeu, nos últimos minutos, por 1-0. Segundo referem, estando o jogo empatado, quase no final, ouviu-se um apito e o nosso defesa direito, o Raul, apanhou a bola à mão na área, julgando ser o fim do jogo. Afinal, o apito vinha do público, tendo o árbitro marcado penálti, que os de Lorvão converteram e ganharam, assim, o jogo e a final. Travanca foi vice-campeão. Na época de 78/79 mantiveram-se no Inatel.


Fig 22 – Jogo amigável, anos 70 ( Travanca de vermelho e calção preto)


Fig.23 – Uma equipa alargada, final dos aos 70



Na época seguinte, 79/80, travanca ingressa na Associação de futebol de Coimbra e participa no campeonato da 3.ª divisão Distrital. Foi, por isso, necessário adquirir mais terreno para ampliar o campo, construir os balneários, enfim, proceder aos melhoramentos exigidos pela nova competição. Inicia, este período, o Sr. Carlos Pratas como dirigente do clube. O equipamento oficial, com as cores do club, era camisola amarela e calções azuis, oferecido e patrocinado pela empresa Correia e Pratas (fig. 25). O equipamento vermelho, também usado, foi oferecido pelo Sr. Salvador (fig. 26). Na época de 80/81,Travanca torna-se campeão Distrital, vencendo a taça de Encerramento (fig. 27) frente ao Bota Fogo, no campo de São Pedro Alva, por 2-1. Os golos foram marcadas, pelo capitão Toni, de penalti e o 2º foi marcado pelo nosso avançado, Russo, a cruzamento de Artur de Negrelos.



No ano seguinte, época de 81/82, foram vice-campeões, perdendo na final, com o Ulmeirense da Granja do Ulmeiro, no campo do União de Gavinhos, concelho de Coimbra, por 2-1.

Fig. 25 – Equipamento oficial ( de pé da esq. para a dir. Sérgio, Jorge Bispo, era avançado, Chico de Negrelos, Zé Neto, Zé Manel Figueiredo, Toni de Negrelos, era o capitão, Zé Carlos das Vendas, era médio. Em baixo da esq. para a dir.  Zé Manel Bispo, Artur de Negrelos, Russo, era avançado, Zé Manel, Chico Melro, Varito de Andorinha, jogava a médio)

Fig. 26 – Equipamento alternativo( de pé da esq. para a dir. Zé Manel Poipo, suplente, Mário de Negrelos, defesa esq.,Mário Marques,médio dir., Chico Melro,médio esq., Luis das vendas, médio centro,Toni de Negrelos, defesa central. Em baixo da esq. para a dir. Zé Manel Bispo, defesa esq.,Sérgio Gonçalves, guarda redes, Zé Neto, defesa central, Artur de Negrelos,extremo esq., António Campos, o nº10, Zé Manel Figueiredo, extremo dir.)

Fig. 28 – Equipa campeã 80/81
Fig.29 – Jogo do campeonato 80/81











Fig. 27– Taça de Encerramento 80/81


Fig. 30 – Equipa nos anos 80


A partir de 1982, Travanca manteve-se no campeonato Distrital, tendo como dirigente o Sr. Carlos Pratas, que esteve à frente do departamento de futebol, no total, cerca de 20 anos. Seguiu-se o Sr. João dos Santos Pedro, também velha glória de Travanca, cerca de 2 épocas, após o qual houve um interregno. Na época de 94/95, o Sr. Neves reinicia o futebol tendo a Associação Desportiva de Travanca de Lagos entrado novamente no campeonato do Inatel. Culminou na época de 2000/2001, equipava Travanca de azul (fig.31), com uma campanha vitoriosa, que terminou na final, com a equipa de Paradela, em Arganil. Essa final, estando o jogo empatado aos 90 minutos, terminou em penaltis. Segundo contam, o árbitro, muito tendencioso e prejudicando Travanca, mandava sempre repetir o penalti mas, por fim, a equipa adversária falha e Travanca concretiza, havendo invasão de campo imediata. O encontro terminou mal, com muitos nervos à mistura e uma zaragata pelo meio, entre o árbitro e um nosso jogador. Como resultado, Travanca foi erradicada do torneio e do campeonato do Inatel. Nesse ano era dirigente o Sr. Fausto.


Fig. 31 – AD Travanca de Lagos, época de 2000/2001


A partir da época de 2001/2002, o Sr. Santos pega na equipa e, pela 2.ª vez na história do futebol local, iniciam o campeonato da Distrital, da Associação de Futebol de Coimbra, agora 1.ª Divisão Distrital, série A . O equipamento oficial era camisola vermelha e calção branco.





Fig. 32 - AD Travanca de Lagos, época de 2001/2002


A partir da época de 2003/2004, tendo como dirigente o Sr. Zé António Cerveira, que manteve essas funções até á época de 2005/2006, iniciaram um periodo memorável, tendo atingido, nessa época, o 4.º lugar, assumindo-se como a melhor classificação de sempre na história do futebol de Travanca. O equipamento oficial era novamente o amarelo e azul, da bandeira do clube.


Fig. 33 – AD Travanca de Lagos, Inatel, finais da década de 90


Fig. 34 – AD Travanca de Lagos, época de 2005/2006



Seguiram-se, ainda, mais duas épocas, sendo dirigente Rui Ribeiro em 2006/2007 e, terminado o futebol na época de  2007/2008, com Travanca a chegar ao 6.º lugar, sólido no meio da tabela, sendo na altura presidente o Sr. José Manuel Peixoto Silva
A história do futebol dos anos 90 e 1.ª década de 2000 foi aqui pouco desenvolvida, ficando para melhorar, futuramente, num 2.º capítulo. Existem muitos registos na sede do clube, ao contrário do que aconteceu nas 1.ªs décadas, que é necessário consultar para evitar erros.


Fig. 35 – AD Travanca de Lagos, ano 2005, convívio de gerações



Fig. 36 – AD Travanca de Lagos, época de 2007/2008



Desde 2008, o departamento de futebol está inativo. A sede do clube, que se situa na Casa do povo, necessita de uma intervenção urgente, visto haver risco de degradação do património e dos documentos do clube. Os troféus estão a salvo (fig. 38) mas o espólio fotográfico está danificado. O campo de jogo também necessita de uma manutenção rápida (fig. 37). Na verdade, o clube está a precisar de entrar novamente em competição, nem que seja, como nos primeiros tempos,  participando em torneios locais.


Fig. 37 – Campo de futebol de Travanca de Lagos


Fig. 38 – Espólio de troféus do clube, na sua sede

Fontes:


Suporte fotográfico:



Reprodução do Espólio fotográfico da AD de Travanca de Lagos -Fig. 8, 31, 32, 33, 34 

Espólio fotográfico de Carlos Marques - Fig. 4, 13, 14, 15, 16, 17, 18,
Espólio fotográfico de João Duarte Fig. 1, 9, 10, 28, 37, 38 
Espólio fotográfico de Mário Figueiredo - Fig - 3
Espólio fotográfico de Messias - Fig. 2
Espólio fotográfico de Sérgio Gonçalves - Fig. 5, 6, 7, 11, 19, 20, 21, 22,23,24, 25, 26, 28, 29, 30, 35

Entrevistas realizadas aos Srs.:
Mário Figueiredo, Jorge Figueiredo, António Brito, Messias, Sérgio Gonçalves, Manuel Marques (Russo), Carlos Marques, Carlos Pratas, Zé António Cerveira, Neves.



sexta-feira, 4 de abril de 2014

Lanzner – Vida e obra (parte I)



Lanzner - auto-retrato


Fez um ano, em janeiro, que faleceu António Luís da Siva Reis Santos, artista plástico conhecido com o pseudónimo de Lanzner, fazia em 26 de março 78 anos. Partiu o artista, ficou a sua obra. O seu legado, uma coleção vasta composta por óleos, desenhos, gravuras, medalhas e esculturas, é em grande parte desconhecido, quer pelos seus pares e pelo público em geral, quer atualmente pelos críticos de arte. Por estar certo da importância da sua obra e do seu grande valor artístico, queria homenageia-lo, uma vez mais, neste espaço, criando no blog uma rubrica dedicada à sua vida e obra.

Em relação à sua atividade artística, no seu curriculum consta o seguinte: -Natural do Porto, viveu em Lisboa onde despertou para a atividade artística que viria, mais tarde, a desenvolver, em Coimbra, nos domínios do desenho, pintura, escultura, e gravura. Em 1959 expôs pela primeira vez os seus trabalhos em Coimbra, individualmente, e participou também numa exposição coletiva em Viana do Castelo. Desde então fez exposições, com uma certa frequência, em vários pontos do país, especialmente da região centro.

Na sua 1ª Exposição, na Galeria 1º de Janeiro - Lanzner (1º da dta.) com o seu pai, Luis Reis Santos,  Mário Silva, entre outros.

Lanzner durante a sua 1ª exposição em 1959.

O desejo de conhecer melhor a Arte levou-o a fazer viagens de estudo a Espanha, Inglaterra e França. Foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, tendo frequentado a “École National Superieure des Beaux Arts de Paris” e o “atelier” do Prof. Chapelain Midy.
O interesse pelos processos de fundição de obras de Arte deu origem a que fizesse algumas medalhas diretas, de tiragens reduzidas, de: Manuel Jardim, Elísio de Moura, Rainha Santa Isabel, Teixeira de Pascoaes, Alexandre Herculano e Afonso Lopes Vieira.
De estudos que fez de desenho e de gravura deixou publicado um pequeno texto, “Do Desenho-Elementos formais”; e um folheto “Noções Fundamentais de Gravura”, integrado numa exposição de carácter didático.
Ilustrou os livros de poesia de Eduardo Aroso, “O Olhar da Serra” e “ A Quinta Nau”, e alguns desenhos seus fazem parte do livro de Maria Alice Gouveia e Beatriz Mendes Paula, “Leituras”, para o ciclo preparatório do ensino secundário, publicado no ano lectivo de 1970-71.Teve ainda a função de consultor artístico em diversas realizações.

Está representado em diversas  instituições públicas como o  Museu Nacional de Machado de Castro, em Coimbra com dois óleos, uma aguarela e uma gravura, no Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto, com um óleo e uma pintura a tinta da China, no Museu de Francisco Tavares Proença Júnior, em Castelo Branco, com um óleo, no Museu Municipal Dr.Santos Rocha, na Figueira da Foz co um óleo e uma gravura, no Governo Civil de Coimbra com um óleo, na Câmara Municipal de Coimbra com uma aguarela e na Câmara Municipal de Leiria com uma medalha de Afonso Lopes Vieira.


Os  pássaros


Do período que passou em Paris, destaco a  realização de uma obra  notável, “Os Pássaros”, que segundo refere A. Nunes Pereira, “ é uma admirável tela que à primeira vista nos parece puramente abstrata, mas que, ´`a medida que a contemplamos nos vai revelando uma multidão de pombas, como a lembrar o célebre soneto de Raimundo Correia". Foi, aliás, sobre esta  e outras  telas de Lanzner que René Huyghe fez um dia uma lição aos seus alunos do Collège de France, onde era professor de Psychologie des Arts Plastiques, figurando esta pintura na sua importante obra, Les signes du temps et l'art moderne. A propósito de Lanzner, René Huyghe, refere no Anuário do Collège de France, em 1966/67, que “L´étude, dans leur chronologie, des oeuvres d´un jeune peintre portugais, Lanzner, cherchant avidement sa voie, a montré qu´il pouvait pratiquer avec la même sincéritté les deux “grammaires” et faire même de leur alternance les termes d´une dialectique intérieure en quête de sa synthèse. Complètement assimilées, maniées avec une aisance égale, elles renforcent la valeur expressive cherchées par la symbolique obscure et irraisonnée des images: en efect, elles sont mises au service d´une unité superieure qui ne réside plus dans l´agencement des formes ou dans le jeu des forces mises en action, mais dans l´unité de la vie intérieure qui se cherche et se révèle à travers ces manifestations parfois divergentes dans leurs moyens mais convergentes dans leur source.” 
(cont.)