Lanzner, 1936-2013 |
Lanzner, nome artístico de António Luís da Silva Reis Santos, faria 89 anos em 26 de março do presente ano. Esta é uma efeméride que recordo com saudade. Foi um artista plástico de Coimbra.
Expôs individualmente pela 1ª vez na Galeria, O Primeiro de Janeiro, em Coimbra, corria o ano de 1959 e pela última vez em 1989 na Galeria Estúdio Arte, em Coimbra também. Ainda em 1993 realizou uma exposição didática de gravura com o Monsenhor Nunes Pereira. Foram mais de 30 anos dedicados às artes plásticas, do desenho à gravura e à pintura, da escultura à medalhística. Pelo meio realizou muitas exposições, dedicou-se ao ensino como professor de desenho na Escola Brotero e no Circulo de Artes Plásticas, esteve em Paris como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian e criou uma vasta obra artística, permanecendo ainda um acervo considerável na família.
Lanzner foi um artista completo, que abarcou todos os domínios artísticos e que se manifestava quer no processo criativo como nos meios de suporte à criação. Era detentor de uma cultura vasta e diversificada que lhe permitia grandes conhecimentos e uma grande liberdade nos meios e técnicas de produção artística. Foi ele que fez o prelo para impressão das gravuras, o forno para aa fundição das medalhas e outras peças, os cavaletes, as malas de transporte de quadros e materiais, por vezes as tintas e os pincéis, as molduras e os catálogos das exposições. Produzia a arte e os meios artísticos, era todo o processo que lhe permitia tirar todo o prazer da arte.
Conviveu com grandes criadores, escultores, pintores e artistas do séc. XX, fruto da relação privilegiada que o seu pai, Luís Reis Santos, mantinha com o meio artístico português, tendo sido ele um reputado historiador e crítico de arte dos meados do séc. XX. Dórdio Gomes, Martinho da Fonseca, Watanuki, Cottinelli Telmo, Leopoldo de Almeida, Barata-Feyo ou o mestre António Duarte são alguns exemplos, assim como Carlos Queiroz, seu padrinho de batismo. No meio artístico de Coimbra conviveu com Hébil, António Pimentel, Pinho Diniz, Mário Silva, Pedro Olaio Filho, Monsenhor Nunes Pereira, os irmãos Berardo, entre outros e numa fase mais tardia com o pintor Vítor Matias que tinha um atelier/galeria no Girassolum, a Galeria Estúdio Arte, onde ele expunha habitualmente algumas obras e que era palco de tertúlias diárias, nos corridos anos 90, junto com o seu amigo Hébil, Mons. Nunes Pereira, entre outros, como Vasco Berardo ou Zé Penicheiro.
Nos últimos 20 anos da sua vida, envoltos em progressivos problemas de saúde e, de certo modo, desiludido com a pintura e o meio artístico coimbrão, dedicou-se à escrita, especialmente à poesia, mas também à prosa e aos ensaios filosóficos, deixando vários livros prontos a publicar. Nessa derradeira fase o músico e poeta Eduardo Aroso foi o seu grande amigo e companheiro de escrita e tertúlias.
Pessoalmente, conviver com o Homem e o artista foi uma grande inspiração e talvez o responsável pelo meu atrevimento no domínio artístico. Foi um Mestre.
Neste espaço pretende -se divulgar a sua obra, embora de uma forma sumária e temática, com relevo para o Desenho, para a pintura e gravura, escultura e medalhística.