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Fig. 1 –
Retrato com cerca de 19 anos |
Maria Cerca
Chamava-se Maria dos Anjos Costa, e já nos últimos anos de vida perdeu o Costa ficando apenas Maria dos Anjos, era a minha avó Maria, conhecida por todos como Maria Cerca. O apelido vem já de família, já a mãe, minha bisavó, era a Cerca. Os Cercas têm origem na Quinta do Pedrógão, talvez tenha começado por uns tios, Maria da Nazareth Costa e José de Abrantes por terem sido moradores e trabalhadores na Quinta da Cerca, em meados do séc. XIX.
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Fig.2 – À soleira nas escadas de sua casa, anos 80 |
Teve uma vida difícil, mãe de 4 filhos, um, o meu tio Vasquito, faleceu com apenas 14 anos, facto que lhe deixou marcas para sempre. Embora casada até ao fim dos seus dias, ficou mãe solteira e desamparada muito cedo, com apenas 25 anos. O meu avô saiu de casa e acabou por ter uma vida paralela, com filhos, perto de Serpins. A família não a ajudou, foram para o Brasil e quando parte regressou continuou sozinha na labuta pela sobrevivência. Fez vários trabalhos para conseguir sustentar os filhos, chegou a vender pão na feira, mas foi como cozinheira que ficou conhecida. As filhas foram servir como empregadas de famílias abastadas ainda crianças. Eram tempos difíceis…
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Fig.3 – Uma Boda de casamento nos anos 80 |
Como Cozinheira que foi, afamada nesse tempo, fez as bodas de casamento de grande parte dos residentes de travanca da sua geração, nomeadamente nos anos 60, 70 e 80, e participava noutras festas consoante houvesse necessidade e para isso fosse requisitada. A fig. 4 mostra um dia de festa e a minha avó é a terceira pessoa que se encontra à direita em pé, com os braços apoiados sobre os ombros do Sr. Nunes Moleiro. Foi a cozinheira da boda de casamento da irmã da D. Conceição Brito, Mª Isabel Mendes Costa e Silva Mesquita, sobrinhas do Proprietário José da Silva Neto. Na foto constam, em grande parte, os colaboradores /trabalhadores da quinta do Sr. Silva Neto, que comiam numa ala à parte, como era hábito na época. Muitos destes travanquenses já faleceram, alguns não se identificaram, mas é um belo retrato de época!
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Fig. 4- Ala dos empregados da quinta de José da Silva Neto na boda de casamento da sobrinha, D. Isabel Mesquita, 1967 |
Conheci muito bem a senhora sua avó, pessoa de trabalho e respeito. Tratei-lhe da pensão de velhice e todos os meses religiosamente, como tantas outras senhoras de Travanca iam à Casa do Povo receber a sua pensão de 600 escudos
ResponderEliminarPedro Maia
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